O momento em que vivemos tem nos exigido uma nova postura diante do uso dos recursos naturais. Afinal, o pensamento linear de produção, que foi amplamente adotado nas últimas décadas e consome mais recursos do que a natureza consegue repor, já deu várias provas de ser insustentável para a saúde do planeta. Por isso, cada vez mais, temos falado da Economia Circular, que se apresenta como uma ótima alternativa aos padrões tradicionais.
Para se ter uma ideia, o “Dia de Sobrecarga da Terra” — data em que o limite de matéria-prima que pode ser extraída anualmente, sem causar danos ao meio ambiente, é atingido — a cada ano se antecipa no calendário e, em 2019, chegou ainda mais cedo: em 29 de julho, batendo um recorde histórico e reforçando a necessidade de repensarmos nossos hábitos e atitudes em relação ao meio ambiente.
O que é a Economia Circular?
Para conhecermos a essência desse conceito, precisamos, primeiramente, compreender o pensamento linear que, ainda hoje, predomina na nossa sociedade.
Desde o início do processo de industrialização, os produtos foram fabricados com vida útil limitada. Ou seja, a matéria-prima era extraída, utilizada e jogada fora. Simples assim. Mas quando o esgotamento de recursos da Terra foi se tornando cada vez mais evidente e o lixo produzido parecia não ter mais fim — nem onde ser descartado — algumas empresas notaram que uma nova estratégia de produção precisava ser adotada.
Foi nesse cenário de urgência que surgiu o conceito de Economia Circular, criado com base no pensamento “Cradle to Cradle” (“Do Berço ao Berço“, em português): um sistema cíclico de produção no qual os recursos podem ser “infinitamente” reaproveitados.
Assim, a Economia Circular busca estender a vida útil dos produtos, reutilizando-os ao máximo e transformando-os em novas matérias-primas, o que passa pelo descarte correto e pela reciclagem dos materiais. Esse pensamento almeja também reduzir a geração de resíduos e promover práticas que permitam a renovação dos recursos na natureza.
Mas como colocar esse conceito em prática?
A princípio, a Economia Circular foi adotada por organizações privadas e instituições públicas que desejavam transformar a produção em um processo sustentável. Mas, com algumas ações no dia a dia, você também pode fazer a sua parte e contribuir para a conservação dos recursos naturais. Veja alguns exemplos:
#1- Descarte os resíduos corretamente
Uma boa forma de começar a contribuir com esse ciclo é separar os resíduos que você produz, a fim de garantir que eles sejam destinados aos postos de reciclagem para ganhar novos usos. Mas alguns produtos não devem ser descartados junto ao lixo comum, então você deve procurar os locais apropriados para fazer o descarte.
- Tecidos
As roupas que você não usa mais podem ser úteis para outras pessoas. Dessa forma, destiná-las a brechós ou para doação é uma excelente alternativa. Além disso, as peças que não estão em condições de uso também podem receber um destino adequado, onde serão utilizadas como matéria-prima para outros produtos.
Entre as iniciativas criadas com o objetivo de reciclar materiais têxteis, podemos citar o Renovar Têxtil, programa que recebe resíduos gerados por uniformes e peças com o logotipo de empresas e os transforma em novos produtos — que podem ser utilizados como enchimentos, cobertores e placas automotivas, por exemplo.
- Eletrônicos
Você provavelmente já ouviu falar que o descarte de eletrônicos no lixo comum pode causar diversos problemas ao meio ambiente, não é mesmo? Isso acontece porque alguns deles possuem elementos que podem contaminar o solo e a água, além de causarem riscos à saúde humana.
Por isso, por lei, os fabricantes de eletrônicos precisam contar com um sistema de logística reversa que receba os resíduos gerados por seus produtos. Com esse objetivo, o Programa de Reciclagem da Apple permite que seus consumidores levem os produtos que não utilizam mais a pontos de coleta da própria empresa. Assim, eles podem ser transformados em matérias-primas que serão utilizadas em outros produtos da marca.
- Plástico
Alguns tipos de plástico, como o filme PVC, podem ser completamente reciclados. Desse modo, para ajudar você a se desfazer corretamente de cada um deles, o eCycle criou uma plataforma que fornece a localização dos postos de reciclagem mais próximos da sua casa, de acordo com o resíduo que você deseja descartar.
#2- Crie novos usos para os produtos
Separar o lixo para a coleta seletiva é importante, pois permite que os resíduos sejam devidamente reciclados e transformados em novas matérias-primas. Entretanto, alguns produtos, que não serão mais utilizados em sua função original, podem (e devem!) ganhar novos usos sem que você precise descartá-los.
Para fazer isso, você pode começar reutilizando garrafas de vidro como modernos objetos de decoração ou aproveitando o lixo orgânico, como as sobras de alimentos, para fazer compostagem, que é um processo capaz de transformar os resíduos em um potente adubo para a sua horta.
#3- Dê uma chance aos serviços compartilhados
Por fim, dar preferência aos produtos que exploram os ideais da Economia Circular é também uma forma de contribuir com essa prática. As iniciativas de economia compartilhada, como o aluguel de patinetes elétricos e bicicletas, são opções que permitem a você ter acesso a esses produtos e serviços sem precisar comprá-los, reduzindo, assim, o consumo excessivo.
A Economia Circular é uma alternativa sustentável que busca estender a vida útil dos produtos, a fim de reduzir a extração desenfreada dos recursos naturais. O melhor de tudo é que, seguindo essas sugestões, você também pode contribuir para esse processo e ajudar a fazer do nosso planeta um lugar melhor para se viver.